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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
ACOLHIMENTO NAS PRÁTICAS DE PRODUÇÃO DE SAÚDE
O sentido da palavra acolhimento traz para a sua apropriação “a consideração, atenção, recepção”. Portanto, o acolhimento vai acontecer em um espaço relacional construído pelo diálogo, onde a escuta sensível sempre estará presente. Implica, portanto, que dois ou mais sujeitos irão compor este espaço através de um objetivo comum, de um interesse. E, neste contato, é importante que a empatia também possa estar presente como uma estratégia de compreender a demanda que o indivíduo nos traz. (BURGESS in BIESTEK, S.J., 1965, p.7.).
O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades de saúde favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde.
ética no que se refere ao compromisso com o reconhecimento do outro, na atitude de acolhê-lo em suas diferenças, suas dores, suas alegrias, seus modos de viver, sentir e estar na vida;
estética porque traz para as relações e os encontros do dia-a-dia a invenção de estratégias que contribuem para a dignificação da vida e do viver e, assim, para a construção de nossa própria humanidade;
política porque implica o compromisso coletivo de envolver-se neste “estar com”, potencializando protagonismos e vida nos diferentes encontros.
Transtornos mentais ou sintomas psicológicos são freqüentes na população geral e entre pacientes de clínica médica, mas segundo a Organização Mundial da Saúde, são pouco identificados, referidos ou tratados e tendem a ser subestimados por profissionais de saúde, principalmente quando sintomas físicos estão presentes (WHO, 1994).
Por que é importante a detecção de transtornos mentais ou sintomas psicológicos nos usuário dos serviços Públicos?
Os usuários com mais sintomas depressivos utilizaram mais freqüentemente os serviços de saúde e permaneceram mais tempo internados do que os menos deprimidos (Fleck et al., 2002).
Avaliação da ocorrência de transtornos mentais comuns (TMC) em usuários do Programa de Saúde da Família.
A denominação TMC se refere aos estados de saúde envolvendo sintomas psiquiátricos não-psicóticos, tais como sintomas depressivos, de ansiedade e psicossomáticos proeminentes, que trazem incapacidade funcional ou ruptura do funcionamento normal das pessoas, embora não preencham os critérios formais para diagnósticos de depressão e/ou ansiedade segundo as classificações do DSM-IV e da CID-10 (Maragno et al., 2006).
Foram entrevistadas 400 pessoas indicadas por duas equipes do PSF, de uma cidade do interior de Minas Gerais.
Utilizou-se a Escala de Saúde Geral de Goldberg (QSG), originalmente elaborada por Goldberg (1972) e validada para o Brasil por Pasquali et al. (1996).
Essa escala visa a avaliar a saúde mental das pessoas, por meio de itens que indicam a presença ou ausência de sintomas ou distúrbios clínicos não-psicóticos ou transtornos mentais comuns.
Resultados:
Obteve-se um índice global elevado (37,8%) de pessoas com perfil sintomático indicativo de transtornos mentais comuns, destacando-se os sintomas referentes às Subescalas de Distúrbios do Sono (41%) e Desejo de Morte (38,25%) e menores índices nas Subescalas de Distúrbios Psicossomáticos (25,5%) e Estresse Psíquico (22%). Houve taxa significativamente mais elevada no escore global para os homens, com 45,1% apresentando perfil sintomático, comparativamente a 32,6% das mulheres. Porém, as mulheres apresentaram porcentagens mais elevadas de perfil sintomático na subescala que se refere ao desejo de morte, 44,1% contra 29,9% dos homens.
REFERÊNCIAS:
Bandeira M., Cordeiro L. F., Carvalho Filho J. G. T. Avaliação da ocorrência de transtornos mentais comuns (TMC) em usuários do Programa de Saúde da Família,artigo,Minas Gerais, 2007.
Fleck MPA, Lima AFBS, Louzada S, Schestasky G, Henriques A, Borges VR, Camey S. Associação entre sintomas depressivos e funcionamento social em cuidados primários à saúde. Ver Saúde Pública, 36 (4): 431-8, 2002.
Maragno L, Goldbaum M, Gianini RJ, Novaes HMD, César CLC. Prevalência de transtornos mentais comuns em populações atendidas pelo Programa Saúde da Família (QUALIS) no Município de São Paulo. Cad Saúde Pública, 22 (8): 1639-48, 2006.
Pasquali L, Gouveia VV, Andriola WB, Miranda FJ, Ramos ALM (1996). Questionário de Saúde Geral de Goldberg (QSG): adaptação brasileira. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 10: 421-37, 1996.
WHO. A user’s guide to the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Division of Mental Health. World Organization, Geneva, 1994.
Cartilha da PNH Acolhimento nas Práticas de Produção de Saúde.
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