A questão das correntes de pensamento em psicologia de Luiz Claudio Figueiredo tem como tema principal a fragmentação do conhecimento psicológico, do qual ele extrai e elucida vários pontos pertinentes para compreensão dessa condição “moribunda” da psicologia.
O autor sito que o próprio Luiz Alfredo Garcia-Roza referi-se à psicologia como “um espaço de dispersão” fazendo alusão à história da corrente de pensamento, que por si expressa à desunião, donde ao longo de cerca de quarenta anos, as duas ultimas décadas do século XIX e as duas primeiras do século XX surgiram, quase que simultaneamente, as grandes propostas de apreensão teóricas do psicólogo ou do comportamental. Apartir desses acontecimentos viu-se a consolidação de micro comunidades relativamente independentes cada qual com sua crença, seu método seus objetivos, suas imagens e suas histórias particulares. Não sendo completa a independência embora fosse forte o sentimento de segmentação.
Esta tendência ao sectarismo das abordagens psicológicas segundo Figueiredo tem repercussão na graduação em psicologia donde os alunos tanto percebem uma convergência das disciplinas para um desfecho harmônico teórico, como outrora observam um desarranjo entre as correntes provocando um sentimento de mal-estar que se pode tornar ocasionalmente em um episódio de angústia. A manifestação dessa angústia pode ser mascarada, como diz o autor por duas reações típicas e perniciosas: “o dogmatismo e o ecletismo”. No primeiro caso, o psicólogo em formação ou já formado tranca-se dentro de suas crenças e ensurdece para tudo que possa contestá-las. No segundo adotam-se indiscriminadamente todas as crenças, métodos, técnicas e instrumentos para exercício da profissão.
Estas duas defesas têm algo em comum, ambas bloqueiam o acesso à experiência como forma negadora da angústia gerada pela incongruência das linhas de pensamento distintas. No caso do dogmatismo e elementar a supra-afirmação de que se o sujeito agarrar a uma linha não deixara as outras, de antemão desqualificadas, interferirem no “processo”. A posição eclética lançando mão de todas as teorias de forma leviana acaba-se por se perder em um âmbito perigoso impossibilitando o sujeito de conhecer realmente ou cabalmente as teorias, levando-o até ao aceitamento do senso comum como viável, dando pouca ou nenhuma consolidação ao trabalho.
Indagando-se a respeito da possibilidade de reverter ou anular essa situação da psicologia o autor elabora a eminente e imperiosa necessidade de criar uma classe pensadora e pesquisadora capaz de tomar um processo em busca de uma consolidação da psicologia embasada no projeto fundacionista, ou seja, uma busca por uma epistemologia consolidadora de uma base para um sistema adjacente evolutivo (como o sistema Baconiano e Cartesiano). Não obstante com um contra-senso perturbador, diz, que este abandono às questões epistemológicas “vem a calhar” devido à impossibilidade ou dificuldade de verificar quais autores foram mais fidedignos e científicos sendo que esses últimos tinham noções conceituais distintas sobre: comportamento, teoria, verdade, etc.
Por fim o autor traz a conceituação de matrizes e suas variáveis na história, donde matrizes, proposto primeiramente por Kuhnn (1974) que viria posteriormente substituir o termo paradigma menos adequado para o tema: “o espaço psi como espaço de dispersão” denominaria justamente esta pluralidade de sentido conceitual que as várias matrizes e não mais correntes atribuíam aos fenômenos observados. As matrizes denominadas pelo autor no contexto histórico seriam científicas: oriundas daquelas psicologias fundamentadas nas ciências naturais. Românticas: de oposição ao racionalismo iluminista e ao império matemático e do método. E pós-românticas: resgatadoras de grandes questões colocadas pelas matrizes românticas da qual são originarias.
Resolutamente o autor com um discurso apológico tendente à modéstia vem defender sua falhitude humana a cerca do assunto, elaborando que seu trabalho inclinavasse mais a uma revisão histórica dos acontecimentos psicológicos dos últimos séculos é não uma tentativa de solução do tema proposto; que se diga é aceitável, mas não compreensível.
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